Brasil

Aclamada, adorada, bolinada. A bunda é digna de amplo espaço nos pixels televisivos. A bunda feminina. A bunda carnavalesca. A bunda exibicionista. A bunda insaciável. A bunda de alma siliconada. A bunda de projeções abundantes. A bunda do fio cheiroso. A bunda das praias e academias. A bunda das capas de revista. Eu só penso em bunda. O mundo é a própria bunda. Bunda, bunda, bunda. A bunda que entorta pescoços. A bunda que tudo sabe e abarca. A bunda que incita guerras orgásmicas e micaretas religiosas. A bunda que me inicia nos prazeres púberes. A bunda da vizinha gostosa. A bunda das maiores bundas, anabólica imperatriz midiática.

A bunda veio nos salvar. A bunda se abre ao povo, abrindo largas esperanças. A bunda solta gases psicodélicos. A bunda provoca bulimias no juízo popular faminto. A bunda foi endeusada, arrombada no âmago de sua humildade e posta no comando geral. Tudo o que a bunda fala e faz, todos concordam. A bunda defeca nas escolas, delegacias, favelas, estradas. A bunda defeca nas bocas acomodadas. A bunda tem poderes místicos. A bunda é a cara de quem a vê. A bunda faz a cabeça do eleitorado, e todos sabem o que o eleitorado tem na cabeça. A bunda promete, mas nunca dá. A bunda ignora a corrupção. A bunda se prostitui, expelindo migalhas à audiência.

Nenhum comentário: